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Canção de Guerreiro Só, em Eterno Campo de Batalha
Golpe. Contra-golpe!
(…o ondular de seus cabelos…)
Estocada. Guarda. Contra-golpe!
(…o brilho dos seus olhos negro-noite… brilhando como jóias de Luz…)
…A saudade mergulhada na recordação é dolorosa. O saber de que nunca mais… nunca mais…
Dois passos atrás. Esquiva, inclinação. Movimento curvilíneo, semi-circular, manto azul-cobalto, já rasgado e manchado, acompanhando o movimento. Golpe! Armadura do adversário fendida. Contra rotação do dorso, semi-círculo invertido. Golpe devastador, adversário atirado pelo ar.
Nada mais resta. Nada mais importa.
Apenas a luta. A contenda. A defesa, constante e interminável.
De tudo aquilo que ele mais ama.
De tudo aquilo de que ele abdicou.
Por esse mesmo amor…
Quatro passos para a frente. Antecipação! Três adversários. Dois varridos com um só golpe transversal, com a imensa lâmina de sua espada aço-Luz. O terceiro, avança, machado em riste.
(…o manjar de doçura-luz de seus lábios-framboesa… inclinados num semi-sorrir meio inocente, meio provocador…)
…! Salto! Esquiva. Punho, coberto com uma manápula de prata, amolgando elmo, atirando a cabeça do adversário para o lado!
(…o esvoaçar de suas vestes azul-violeta, semi-transparentes, dançando ao seu redor… em alegria e celebração…)
Golpe transversal! E o inimigo cai… inerte.
E mais dezenas e dezenas de companheiros daquele que caiu, avançam, ornamentados com armaduras negro-trevas… Lanças, espadas, escudos, maças rodopiando…
…E o guerreiro flecte o joelho… empunha a espada, transversal ao seu corpo… aura azul-prata, ao seu redor… dentes rangendo, ignorando as múltiplas sangrantes feridas por baixo da sua já amolgada armadura…
(…os cabelos insinuantes… acariciando sua pele… quando sobre si inclinada, num lânguido e saboreado beijo… com sabor a promessa de horas de delícias proibidas… e puras…)
…Lágrimas.
De guerreiro, só, em eterno campo de batalha.
Agora e sempre.
O crepúsculo, rubro vermelho-sangue anuncia-se… num pôr-do-sol que marca muitos fins, para além do dia-vida que canta o seu adeus…
Salto em antecipação! Golpe transversal! Rodopiares sucessivos, varrendo tudo ao seu redor!
…E ele é ladeado por todos os lados… aos poucos… mais e mais…
E ele brilha, brilha muito, no meio da escuridão que se assume na sua cercania… Brilha, com a Luz de outros Mundos…
…em infinda contenda…
…até ao fim da Eternidade.
Excelsior, 17/03/2008 .