Sunday, March 23, 2008

"Outrora"

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Canção de Guerreiro Só, em Eterno Campo de Batalha

Golpe. Contra-golpe!

(…o ondular de seus cabelos…)

Estocada. Guarda. Contra-golpe!

(…o brilho dos seus olhos negro-noite… brilhando como jóias de Luz…)

…A saudade mergulhada na recordação é dolorosa. O saber de que nunca mais… nunca mais…

Dois passos atrás. Esquiva, inclinação. Movimento curvilíneo, semi-circular, manto azul-cobalto, já rasgado e manchado, acompanhando o movimento. Golpe! Armadura do adversário fendida. Contra rotação do dorso, semi-círculo invertido. Golpe devastador, adversário atirado pelo ar.

Nada mais resta. Nada mais importa.

Apenas a luta. A contenda. A defesa, constante e interminável.

De tudo aquilo que ele mais ama.

De tudo aquilo de que ele abdicou.

Por esse mesmo amor…

Quatro passos para a frente. Antecipação! Três adversários. Dois varridos com um só golpe transversal, com a imensa lâmina de sua espada aço-Luz. O terceiro, avança, machado em riste.

(…o manjar de doçura-luz de seus lábios-framboesa… inclinados num semi-sorrir meio inocente, meio provocador…)

…! Salto! Esquiva. Punho, coberto com uma manápula de prata, amolgando elmo, atirando a cabeça do adversário para o lado!

(…o esvoaçar de suas vestes azul-violeta, semi-transparentes, dançando ao seu redor… em alegria e celebração…)

Golpe transversal! E o inimigo cai… inerte.

E mais dezenas e dezenas de companheiros daquele que caiu, avançam, ornamentados com armaduras negro-trevas… Lanças, espadas, escudos, maças rodopiando…

…E o guerreiro flecte o joelho… empunha a espada, transversal ao seu corpo… aura azul-prata, ao seu redor… dentes rangendo, ignorando as múltiplas sangrantes feridas por baixo da sua já amolgada armadura…

(…os cabelos insinuantes… acariciando sua pele… quando sobre si inclinada, num lânguido e saboreado beijo… com sabor a promessa de horas de delícias proibidas… e puras…)

…Lágrimas.

De guerreiro, só, em eterno campo de batalha.

Agora e sempre.

O crepúsculo, rubro vermelho-sangue anuncia-se… num pôr-do-sol que marca muitos fins, para além do dia-vida que canta o seu adeus…

Salto em antecipação! Golpe transversal! Rodopiares sucessivos, varrendo tudo ao seu redor!

…E ele é ladeado por todos os lados… aos poucos… mais e mais…

E ele brilha, brilha muito, no meio da escuridão que se assume na sua cercania… Brilha, com a Luz de outros Mundos…

…em infinda contenda…

…até ao fim da Eternidade.



Excelsior, 17/03/2008

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