Sunday, February 10, 2008

Amanhecer

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...E horas a fio, eles falaram. Numa fluência suave, mas necessitada, no mostrar e no dar ao outro, lampejos de quem foram, do que viveram. Tornar o outro presente, na sua própria linha de vida. Afinal, tanto tempo tinham estado afastados, muito para além da vontade de qualquer um deles...

...Ele sentia, deliciado, a beleza das palavras dela. Palavras multidimensionais, nos sentires tão facetados que elas, nele, despertavam. Para além do formalismo natural mas cuidado... para além da cultura demonstrada, na imensidão do saber experimentado... para além do nectar fresco, que era o som da sua voz... as palavras dela eram como dedos, percorrendo as teclas do piano da sua alma... cada "nota", uma emoção nova, viva, luzidia... que, todas juntas, criavam um enlevo crescente, ondulado, espiralado, no seu coração...

...E de cada vez que ele pensava não ser credível sentir-se mais feliz, do que já era... ela conseguia prová-lo errado, em cada novo momento juntos... num abraço de asas, que tudo curava... que tudo nele, recriava...

...E ele gostava de contemplar o homem que se sentia tornar... por ela ser de novo, na vida dele...
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2 comments:

Jasmim said...

"...as palavras dela eram como dedos, percorrendo as teclas do piano da sua alma... cada "nota", uma emoção nova, viva, luzidia... que, todas juntas, criavam um enlevo crescente, ondulado, espiralado, no seu coração..."


Lindo! Súblime!

Um beijo imenso em ti

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Excelsior said...

Jasmim...

*sorrindo*

Obrigado, amiga linda... Algo exagerada na apreciação, mas como sempre terna na expressão da mesma... ;)

Beijinho grande...