Sunday, July 20, 2008

...Como usar... as Asas...

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Apanhei-me a recordar... uma história.

Há... já um tempo... uma amiga minha... ofereceu-me um livro. Lembro-me tão bem... Praça de Londres, no fim da Avenida de Roma. Uma tarde, de Domingo. Na espladana da Mexicana...

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Um livro... singelo. Bonito. Puro. Uma fábula, nos tempos modernos. E sim... também uma parábola.



...Este escritor chileno, consegue criar uma história... sob o manto de um quase conto infantil.

Confesso. Já li o livro há muito tempo. Aliás: devorei-o. Sendo um livro pequeno, recordo-me de ter feito uma coisa muito contra a minha natureza... li-o de enfiada. Eu, que regra geral, gosto de ler um pouco, de uma história, conto, romance, para depois parar, saborear, deixar assentar. E só mais tarde, recomeçar. Mas este... até por vontade de partilhar, sobre o que li, com quem mo ofereceu... durou-me uma tarde. E agora, não terei tudo do conto, presente...

...mas recordo-me do tocante, de ver um gato doméstico... um ser habituado a conforto, ao "dolce far niente"... colocado perante a situação dramática, de ter de tomar conta do ovo de uma gaivota, que morre na sua presença., vítima das consequências do ininterrupto desrespeito do Ser Humano, pelo seu Berço-Lar...

...e de ele... num contrariar, a tantos níveis, da sua natureza, tratar do pequeno ser que dali nasce. E... mais que tudo... ter de o ensinar a fazer... a mais importante das aprendizagens.

O Voar.

...E sim.... com ajudas... e sim... com avanços e recuos... chega o momento em que a Ditosa (nome do pequeno "rebento") faz o seu primeiro voo, acompanhado pelo Zorbas (o simpático e bonacheirão felino...)

...A história passa-se no porto de Hamburgo... e o primeiro voo... é feito... do campanário da igreja... de São Miguel...

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(...)

"- Tenho medo - Grasnou a Ditosa.
- Mas queres voar, não queres? - miou Zorbas."

(...)

"- Vais voar, Ditosa. Respira. Sente a chuva. É água. Na tua vida terás muitos motivos para ser feliz, um deles chama-se água, outro chama-se vento, outro chama-se sol e chega sempre como recompensa depois da chuva. Sente a chuva. Abre as asas - miou Zorbas."

(...)

"...e viram-na, então, batendo as asas, sobrevoando o parque de estacionamento, e depois seguiram-lhe o voo até às alturas, até mais para além do cata-vento de ouro que coroava a singular beleza de São Miguel."

(...)

"- Sim, à beira do vazio, compreendeu o mais importante - miou Zorbas.
- Ah sim? E o que é que ela compreendeu? - perguntou o humano.
- Que só voa quem se atreve a fazê-lo - miou Zorbas."

...

Singelo, simples, despretensioso, bonito... e verdadeiro.

Apeteceu-me relê-lo...




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