21/5/89
Para que o Espírito desperte a serpente adormecida, a cabeça desta há-de ser esmagada. De outro modo, o seu poder ficará entregue à selvática actividade do egoísmo pessoal em vez do tranquilo império espiritual.
Para que o Espírito desperte a serpente adormecida, o poder do Som interno há-de fazer-se sentir. De outro modo, as vozes que apelam aos sentidos levarão à dissipação da força e à sua descida.
Para que o Espírito desperte a serpente adormecida, o iniciado há-de ter feito entrega de si mesmo ao mestre interno e ao mestre externo. De outro modo, os mundos materiais tentarão apoderar-se dele.
Para que o fogo ascenda em ordem, o Espírito há-de ter despertado a serpente no momento em que o percurso dos seus anéis está em equilíbrio. Nenhum centro deve vibrar em excesso ou em defeito. O carma nos três mundos há-de ter convertido o iniciado num homem firme. O trono da firmeza é neutro e já não cede perante o prazer e a dor, feitos servos do equilíbrio.
Para que o fogo ascenda em ordem, o iniciado não pode apegar-se a nenhum objecto de nenhum dos três reinos horizontais. De outro modo, a corrente poderá ser desviada e, dado o seu poder, os mecanismos cármicos actuarão para reconduzi-la ao seu lugar cobrando o tributo de uma dor colossal.
Para que o fogo ascenda em ordem, todas as condições devem ser cumpridas com ritmo e persistência. A grande conquista é marcada pelo ritmo surdo do tambor. É só quando a recta fica estabelecida que, aos ritmos dolorosos e extenuantes dos tambores de guerra, podem suceder as harmonias da criação. Quando a Unidade impera, as recompensas que não são para o iniciado podem ser saboreadas por este. Não antes.
Quando o iniciado se dedica à contemplação e à unificação com as forças do Cosmos, o Cosmos pode actuar nele e conceder-lhe o Poder e os poderes. Só então ele é digno de usar as forças da Grande Mãe. Nesse caso ele terá reconhecido que, num sistema harmónico, só há um sol, fonte de todas as luzes, e deixará o Sol Espiritual aquecê-lo. Deixará também que a luz branca do dia espiritual ilumine os seus passos e, nessa lucidez, já não poderá tropeçar gravemente.
Aprende a unificar totalmente os fogos da personalidade e a lançá-los ao Céu como oferta, tributo e apelo sonoro; aprende a expectar na resposta que é dádiva, gratidão pelo tributo e ordem imperiosa. Aprende a não estar mas a ser apenas e serás livre para realizar o teu destino que é acorde do destino colectivo, veículo do Plano e avenida do regresso. Aprende a indiferença nos três mundos e a sensibilidade nos mundos superiores para que o teu coração vibre com cada pulsação de vida em toda a parte. Aprenderás, então, a reconhecer a Beleza do Carma. Nada há de mais belo do que a própria Lei do Equilíbrio no Universo. É por isso que a verdadeira sensibilidade estética conduz ao Bem Supremo através de sucessivas oscilações equilibradoras entre dores e prazeres e bens e males parciais. O Espírito, que contempla o Bem, é bem-aventurado. Porque no Espírito tudo é uno, o teu Espírito não é teu e permanece plenamente bem-aventurado. Ao elevares a tua individualidade consciente até ele, receberás, pois, uma herança que te foi deixada por ti mesmo quando mergulhaste nos mundos da complexidade.
Eu Sou O Que Sou
LAMORAE
(in Pérolas de Luz, Volume II, do Centro Lusitano de Unificação Cultural)
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