21/3/89
Em plena fúria do vento, perante o frio que não consente nas paixões da matéria, o relâmpago das estrelas revolveu a terra. O discípulo, velho guerreiro fatigado, recebeu o fogo no cadinho de si mesmo. De novo a matéria-prima foi agitada, de novo a dedicação foi premiada com o sofrimento inominável. Nem mesmo as águas da grande dor podiam apagar a fogueira da terra interna. Desta vez as ervas daninhas não podiam subsistir como nada podia subsistir.
O discípulo, apenas vagamente consciente do seu gesto, ousara alinhar-se com o Espírito. O resultado tomava agora a aparência dum mundo destruído onde, na aridez da terra calcinada pelas chamas, ainda seria preciso caminhar.
A sementeira da alegria, porém, fora feita. Ali, onde a morte se fizera rainha, uma vida diferente podia irromper. Ali, onde tudo fora revolvido, penetrara o fertilizante das estrelas. Ali, onde a dor inundava o coração, novas sementes qualitativas haviam sido colocadas. Algumas encontravam-se na palma da mão crispada do guerreiro.
Vento do Espírito, abençoa o meu discípulo!
Flores da renúncia, brotem no seu caminho!
Sementes do amanhã, germinem pelos seus gestos!
Ninguém tem forças para se medir com o Espírito mas poucos são dignos de travar a batalha cuja vitória vem na forma de uma grande derrota. Esses, que são arrasados pelo relâmpago, erguer-se-ão para a verdadeira Vida. Desistentes do comando, receberão o Poder. A recuperação será feita pelo repouso na Grande Mãe.
Além das harpas de guerra, ouve o toque da trompa e as harmonias da Natureza. Repousa perante o teu destino.
MORYA
(in Pérolas de Luz, Volume II, do Centro Lusitano de Unificação Cultural)
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