20/4/89
No lugar da paz, onde os pólos se reúnem mas não existem oscilações, o Eu divino permanece. Ali, de onde não partem quaisquer apegos e onde o ser já não consente em identificar-se com as múltiplas imagens dos múltiplos espelhos da terra dos homens, é o lugar onde se colhe o fruto da peregrinação. Ali, a tríplice alma escuta os lamentos e as alegrias, as iniquidades e as superações, os esforços e os repousos da humanidade. Vê os nascimentos e as mortes no fio contínuo da Vida, assiste à rotação e à translação do planeta e contempla as almas irmãs cujo mergulho na ilusão as torna rodopiantes sobre si mesmas e conduz à translação do ciclo reencarnativo.
No lugar da síntese e da superação, onde o ser tríplice alcança a consciência da triplicidade e já não vê apenas dualidades, os sombrios acontecimentos do passado desfazem-se perante a luz do agora: o que está a ser transforma-se na única realidade e o caminho da expansão no que está a ser fica aberto. Esta via é ilimitada e é nela que os filhos do Cosmos se entregam à Fraternidade Universal. O relativismo das separações torna-se patente e a impassibilidade do Espírito explica-se a si própria como consciência do Ser perpétuo em todas as coisas. Ter sido humano torna-se apenas mais um episódio perante o palco universal onde a síntese de todas as vivências impera. Os deuses expandem-se e elevam-se na medida em que sentem e são como a Vida destas vivências.
No lugar da paz o ser espiritual de cada homem pode encontrar finalmente a cornucópia da abundância. No ponto de síntese o guerreiro desidentificado de si mesmo pode escolher os vários pratos; no entanto jamais poderá comer senão o necessário: o pecado da gula é mortal porque precipita o homem na identificação com as formas que morrem. Existe, entretanto, um prazer especial a que os deuses se entregam sem receio e cujo sabor vai além, muito além, de todas as experiências e excessos de todos os homens, desde sempre: é o prazer de ouvir a melodia que sempre ecoa através dos mundos. Não há melhor pregação da Unidade nem melhor instrução para o Caminho do que a sublime música do Cosmos; até mesmo os seus ecos já dessedentam as almas e fazem vibrar as cordas que despertam o Espírito.
Em harmonia te dou o abraço da paz e a bênção da Hierarquia.
LAMORAE
(in Pérolas de Luz, Volume II, do Centro Lusitano de Unificação Cultural)
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