2/4/89
Os lugares da realidade e os lugares da imaginação unem-se perante os estados da realidade. Há desertos e florestas na vida do discípulo que oscila entre o Pai e a Mãe. Há lugares de sol abrasador e gélido vento nocturno bem como lugares de reconfortante humidade temperada. Há lugares inóspitos e lugares luxuriantes. O Caminho, porém, é um só. Chega sempre o dia em que o frio gélido da alta montanha o aquece e a humidade acolhedora da Grande Mãe o arrefece, até que todos os lugares se tornam lugares do Espírito Uno e já nada pode desviar o homem do seu caminho. O seu coração torna-se, então, a sede da Vida onde ardem três fogos. O homem, que se tornou mais do que homem, maneja três poderes e encontra apoio em si mesmo. Um tal homem colheu os frutos do Carma até que mesmo o Carma deixou de pertencer-lhe. A águia voou do alto da montanha e aprendeu a depender das asas da luz interior. Desde esse momento, já nada será, nunca mais, como foi. Encerrou-se um volume do livro da vida para que outro fosse encetado. A corrente invencível arrasta o homem para as alturas e já nada pode detê-lo. A personalidade depôs as armas. A alma despiu-se e ajoelhou, nua e simples, ante o Rei do Mundo. Este sorriu e, após ter aceite as armas, abençoou-as e devolveu-as à alma - que as devolveu ao homem tornado alma e espírito. Este homem converteu-se num símbolo de perfeição. Onde parece ser a personalidade que fala e quer, eis que o Espírito se afirma. Onde os seres humanos nada vêem, eis que a Luz consciente dita os passos seguintes.
O homem que defrontou a aridez e a desolação, o homem que se vi abandonado pelos homens, que bebeu da taça da lei cármica até que o Espírito ficasse saciado, tornou-se um verdadeiro homem. Ao tornar-se um verdadeiro homem, tornou-se mais do que um homem pois afirmou o que estava escondido.
Na tensão do silêncio, no vácuo da solidão pessoal, o Espírito fez soar a nota de Poder e de unidade. Estabeleceu-se um vínculo de luz e, onde a coragem sustentou a angústia e afrontou o abismo, brotaram flores de lótus completas. Assim a consolação premiou aquele que não procurou um prémio. Até à conquista, entretanto, a vigilância não pôde abrandar porque o mínimo vestígio da serpente podia ainda refazer-se como serpente.
MORYA
(in Pérolas de Luz, Volume II, do Centro Lusitano de Unificação Cultural)
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